segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Dicas: pequenas práticas, grandes diferenças

“Uma coisa de cada vez. Tudo ao mesmo tempo agora” (Titãs)

Dentro da minha estratégia para afastar a Síndrome da Pressa e deixar a vida mais tranquila, tento adotar pequenas práticas que, somadas no cotidiano, fazem grandes diferenças. Priorizar é uma delas. Agora, por exemplo, não consigo terminar de escrever porque meu filho mais novo está chorando e ele é prioridade. Vocês terão de esperar um pouco. (15 minutos depois.....) Ok, voltei. Como um bebê de três meses não fala, ele chora para expressar suas necessidades, neste caso, que tinha feito cocô e queria trocar a fralda. Então, bebê limpinho e sossegado, vamos lá:

· Tente não fazer várias coisas ao mesmo tempo. Se você dirige e, simultaneamente, procura um CD no porta-luvas ou um batom na bolsa, o risco de provocar um acidente ou um atropelamento é muito grande. Não vale a pena colocar vidas em risco, especialmente as de quem a gente ama ou a nossa por alguns minutos a mais. Já tomei vários sustos, mas me corrigi a tempo de evitar conseqüências mais graves.

· Da mesma forma, toda vez que o pensamento voar para vários assuntos, não se afobe tentando resolvê-los mentalmente, muito menos na condução de um carro ou quando estiver com pessoas queridas. Reserve um momento tranquilo do dia, de preferência no começo da manhã, para refletir e buscar soluções, item por item. Quando chego ao trabalho, ainda bem cedo, aproveito a sala vazia para planejar o dia.

· Primeiro identifique as situações que o deixa mais ansioso. Observe se existe uma real necessidade em realizar algo dentro do tempo que você estabeleceu ou se é uma exigência interna, um condicionamento. Se for uma demanda real, tente ser mais flexível, pensando no que de pior pode acontecer se o prazo for avançado. Quando sinto que estou ficando nervosa, preocupada em não conseguir cumprir uma tarefa em certo horário, respiro fundo e calmamente, sentindo que o mundo não vai acabar se eu não conseguir. Lembre-se: tente fazer o possível. Como prevenção, sempre deixo o que eu chamo de “margem de segurança”. Por exemplo: se vou levar os filhos a escola ou se tenho uma reunião, procuro sair mais cedo – prefiro esperar que me atrasar.

· Não se cobre tanto. Não será o caos chegar 10 minutos atrasada no dentista ou na reunião de pais e mestres. Quantas vezes você teve de aguardar por uma consulta? Se acontecer imprevistos, relaxe – acontece. Minha avó costumava dizer: “O que não tem remédio, remediado está”. Quando sinto que a vaca está indo para o brejo, faço cara de paisagem e meu coração agradece.

· Ponha um freio no pensamento negativo. Pessimismo pega e aumenta como bola de neve. Também embaça nossa visão da realidade, alimentando fantasias e preocupações desnecessárias. Poupe energia. Pense positivo. Não construa enredos para o que ainda não aconteceu ou para o que você desconhece. Já cometi julgamentos apressados e errados sobre situações e pessoas, mas nem sempre pude reparar minhas injustiças. E procure se cercar de pessoas do bem.

· Não tente lembrar de tudo - agendas existem para isso. Tentei manter várias agendas – uma pessoal, outra profissional, outra empresarial, para ter à mesa, para levar na bolsa... – mas isso me confundiu mais que ajudou. Uma só é o ideal. E simplifique a vida: toda vez que for comprar uma agenda eletrônica e qualquer outro item dessa parafernália eletrônica pergunte-se: “Esse objetivo vai me ser útil?”.

· Quando falar com alguém seja objetivo. Não dê voltas e muitas explicações porque isso só complica. Falo por experiência própria. Minha necessidade de me explicar, me justificar aos outros era tanta que ao invés de entendimento, eu colhia impaciência e equívocos. Depois de refletir sobre a minha conduta, concluí que simplesmente não tinha que fazer relatórios minuciosos sobre todas as minhas ações.

· A falta de percepção é inimiga da calma. Comece a observar o ritmo de seus passos e cheque se não está correndo por hábito. Da mesma forma, note como você fala – a voz não acompanha o ritmo dos pensamentos e quando tentamos emparelhá-los não somos claros o suficiente. Procure pronunciar as palavras devagar e pensar antes de falar. Se detectar algum descompasso, pare, respire devagar e reduza a marcha. Quando agia apressadamente, ficava revoltada com quem falava, comia ou andava devagar – parecia que todos estavam na rotação errada. Com atenção, consegui me corrigir e hoje respeito meu ritmo e o do outro.

· Um exercício interessante: no ápice da urgência, faça tudo o mais lento que puder. Policie-se para não se descarrilar novamente. Se perceber que o problema está no relógio, simplesmente retire o relógio por uma semana e veja o que acontece.

· Outra dica: quando estiver só, pegue álbuns de família e veja fotos suas quando criança e adolescente. Procure lembrar da sua infância, das influências que recebeu e daquilo que se envergonhava. No meu caso, fazendo isso, percebi que a palavra lentidão era depreciativa e que agilidade era sinônimo de aceitação na família e na escola. Reconstruí uma auto-imagem positiva, baseada na minha verdadeira identidade, não em projeções sociais.

· Resgate-se. No atropelo do cotidiano, assumimos outras referências como nossas e nos distanciamos do nosso eu mais profundo. É preciso religar-se a ele. Pense nas suas preferências, olhe para dentro de si com ternura. Na infância, gostava muito de desenhar, pintar, esculpir. Depois que meu primogênito nasceu, acabei abandonando os óleos sobre tela. Mas decidi resgatar isso e estou procurando um curso de aquarela.

· Fique atenta para a mania de plural. Leia um livro e assista a um filme de cada vez. Eu ainda costumo ter vários livros na minha cabeceira e não terminando nenhum. Não desfruto o prazer de ficar absorta numa obra. Da mesma forma, alugo vários filmes para ver no final de semana e depois fico nervosa em ter de ver tudo. O que deveria ser um prazer se transformava em dever, uma chateação. Mas estou mudando...

Um comentário:

  1. Resgate-se!

    Ótimas dicas! Vale para qualquer um, eu acho, seja apressadinho ou nem tanto.

    Sou ariano...por natureza tenho tendência a ser ansioso, preciptado...sem medir consequências...mas costumo, sim, controlar tudo isso. É preciso!

    Beijo!

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