terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Socorro! O computador me engoliu!



“O cérebro eletrônico comanda, manda e desmanda.
Ele é quem manda, mas ele não anda.
Só eu posso pensar se Deus existe, só eu.
Só eu posso chorar quando estou triste, só eu.
Eu cá com meus botões de carne e osso, eu falo e ouço.
Eu penso e posso”
(Gilberto Gil)

Internet é algo que absorve. Estou em licença-maternidade e, nas horas vagas, acesso e-mail, entro no Orkut e dali para uma pesquisa é um salto. Volto para outro e-mail (tenho quatro), navego outro site interessante, depois outro, uma conversinha no MSN, a leitura do jornal e das revistas... E quando vejo estou horas ali em frente ao computador, cega para o que tem ao redor, completamente envolvida com esse brinquedo de gente grande (e pequena também). Com o aumento da frequência, vicia e passa a ser rotina viver neste mundo virtual.
O problema está quando não nos colocamos limites. É tão prazeroso conversar com amigos, antigos e novos, interagir com pessoas diferentes, buscar novos conhecimentos, matar nossa sede de informação! Mas é preciso manter os pés no chão e não esquecer do mundo real, de quem está ao nosso lado, de carne e osso. Quantos pais permanecem hipnotizados em frente a tela depois de chegar do trabalho, sem tempo para ir à cozinha preparar uma refeição nutritiva e dar atenção aos filhos. E o inverso também é verdadeiro: jovens que se recusam a sair do quarto sequer para jantar, que respondem com monossílabas tentativas de diálogo. No campo profissional, é preciso manter a disciplina para evitar dispersão, já que a sedução de deixar o dever de lado é grande.
A Internet tornou-se uma grande aliada, dinamizou as comunicações e revolucionou o mercado de informações. Porém, a velocidade do mundo virtual, tão disponível e ilimitado, pode, paradoxalmente, nos tirar do mundo real. De repente estamos com centenas de amigos que nem conhecemos no site de relacionamentos e ninguém ao nosso lado, comprando por sites e deixando de sair de casa, conversando com os dedos e não mais olhos no olhos, vendo filmes pelo note e não mais no cinema. É como Frejat diz na canção quanto ao dinheiro: "quem é mesmo o dono de quem?".
Moderação em tudo é boa. Comida em excesso faz mal. Exercícios físicos também. Tudo que vai além da conta traz algum tipo de prejuízo. Internet não é exceção. Nem informação. Eu, como qualquer jornalista, sou curiosa e não me canso de buscar dados, textos, imagens, fontes de saber, mas a velocidade e o volume às vezes cansam. O resultado é mais ansiedade, dor de cabeça, nervosismo, agitação.
Quando notei que estava me deixando engolir pelo computador, mergulhando, não navegando, em suas atrativas possibilidades, resolvi emergir. E respirei fundo, como faria depois de algum tempo submersa em águas agitadas. Nem todos os dias escreverei neste blog, como desejo. Ler os e-mails duas vezes por dia está ótimo. Divididas entre afazeres e prazeres, as horas de folga serão momentos para, por exemplo, andar na praia, visitar uma amiga ou apenas ficar em silêncio. Enfim, tento encontrar formas de tirar o máximo proveito do meu notebook sem, entretanto, me aprisionar dentro dele. Agora mesmo, chega por hoje. É hora de dormir.

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