terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Sinais de que estou ficando velha

"Feliz aniversário. Envelheço na cidade" (Ira!)



• prioridade nas compras do mês: tinta para cabelo

• adotei as luzes, a um passo de ficar loira

• comprei um creme antiidade, 40+

• estou lendo um livro chamado “Meu Pescoço é um Horror”

• e, claro, nunca esqueço filtro solar (nas mãos, que elas entregam), creme para área dos olhos, para o contorno dos lábios, para pescoço...

• aprendi a acenar como uma miss

• começo a pensar em fazer musculação para evitar osteoporose

• e para voltar a dar tchau sem se preocupar com o braço

• ando ouvindo uma rádio chamada saudade

• e a apreciar o rei Roberto Carlos

• quando começo a falar das minhas bandas preferidas, ninguém nunca ouviu falar de Spandau Ballet, Ice House e Roxy Music

• me assustei com o Gene Simmons, do Kiss (lembra?), que era meu ídolo

• comprei o CD do Plunct-Plact-Zum

• ainda guardo minha máquina de escrever em casa, máquina de fotografar com filmes, disco de vinil, fita-cassete e disquete (poderia abrir uma loja de antiguidades)

• digo “alugar uma fita” em vez de “alugar um DVD”

• não tenho paciência para novela de hoje – boas mesmo eram “Roque Santeiro” e “O Bem Amado”

• sorry, mas redes sociais me cansam

• aumentei o consumo de soja e leio tudo sobre reposição hormonal

• começo a pensar nas coisas boas da menopausa e me livrar de vez da TPM

• escrevo certinho na internet

• abandonei a praia

• abandonei a piscina, exceção feitas às mornas e com ozônio

• definitivamente não entendo nada das últimas tecnologias

• aprendi a diagramar por “past up”

• meu filho está na faculdade

• nasci na década de 70

• me formei em 93

• já começo a falar “no meu tempo...”

• a palavra “tia” soa bem mais frequente

• logo, logo ouvirei um “vó”

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Cura das Atitudes

Estava ouvindo música no carro, achei um CD gravado pela jornalista Mirna Grizch e achei bacana colocar aqui para todos, que vivem na pressa, começarem a refletir sobre as próprias atitudes. Reproduzo, abaixo:

OS 12 PRINCÍPIOS PARA CURA DAS ATITUDES



1. A essência do nosso ser é amor



2. Saúde é paz interior. Curar é abandonar o medo



3. Dar e receber são a mesma coisa



4. Podemos nos desprender do passado e do futuro



5. O agora é o único tempo que existe, e cada instante é para nos doarmos



6. Podemos aprender a amar a nós mesmos e aos outros perdoando, ao invés de julgando



7. Podemos nos transformar em pessoas que veem o amor e o que une, em lugar de pessoas que veem o erro e o que desune



8. Podemos escolher nos direcionar para a paz interior, independente do que está acontecendo no exterior



9. Somos alunos e professores uns dos outros



10. Podemos nos concentrar na totalidade da vida e não nos seus fragmentos



11. Sendo o Amor eterno, não existe razão para temer a dor e a morte



12. Podemos sempre ver a nós mesmos e aos outros como seres que ou oferecem amor ou suplicam ajuda

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Metade

"Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio"

(Metade, Oswaldo Monenegro)

As minhas metades lutam para não me reconhecer como um ser ambíguo. Mas sou. E desse conflito nasce uma ansiedade capaz de tornar situações banais em quase um coma irreversível. É como se tudo dependesse daquilo naquele momento e qualquer coisa fora do previsto gerasse uma explosão atômica.
Essa semana li que o problema não são as coisas, mas o que pensamos delas. Nosso pensamento, que tanto constrói, também pode ser bem destrutivo. Também li sobre a desconstrução daquilo que alguém um dia ergueu sobre nós, muito provavelmente na infância, muito provavelmente com a melhor das boas intenções.
Por isso, metade.
Difícil encontrar nosso verdadeiro eu debaixo das muralhas sociais construídas com a argamassa de padrões, regras, repressões, o que julgam ser o certo. Às vezes, terapia ajuda. Quase sempre não funciona. Demora tanto - e consome tanto - que a gente desiste. Desiste de saber quem somos de verdade. E ficamos na dúvida se o que pensamos ser de verdade seria o real. A verdade é relativa. E pode haver muitas. Como nós, seres plurais.

sábado, 18 de junho de 2011

Para F.

"Onde queres o ato, eu sou o espírito.
E onde queres ternura, eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo
E onde buscas o anjo, sou mulher
Onde queres prazer, sou o que dói
E onde queres tortura, mansidão
Onde queres um lar, revolução
E onde queres bandido, sou herói"
(O Quereres, Caetano Veloso)

Ser humano é ser complexo. E creio que uma das maiores complicações inerentes à nossa espécie é a possibilidade de mil desejos. Essa semana estive triste, com raiva. Parte da TPM. Parte de uma certa nostalgia pela vida que um dia tive, quis mudar e optei por outros caminhos. Saudade da liberdade. A gente sempre se pergunta porque abrimos mão, porque fizemos trocas, porque...

(Bem a porcaria do meu notebook faz coisas que eu não quero que ele faça e anda lento demais. Publicou o texto no meio, pode?! Tenho vontade de jogá-lo contra a parede e só não faço isso porque não terei outro e a situação ficará muito pior. Mas qualquer hora eu jogo, juro! Raaaaaahhhhh!!!!!!)
- Um minuto de silêncio, respirando e contando até três....

O fato é que a gente nunca está satisfeito com nada, muito menos com a gente mesmo.

- Pausa de novo para por de novo o DVD do Toy Store para meu filho. (Ruuuuuuhhhhhhh!!!!!) De novo. Acho que hoje não vai dar....

A insatisfação é um problema imenso porque ela vive sempre conosco como uma sombra, grudada, o tempo todo. Lembra um animê que assisti com meu filho mais velho, em que uma criatura vivia atrás de um menino, acompanhando-o por todo lado sem que ninguém o visse.
Essa semana estava a ponto de chorar por um mix de sentimentos. Uma amiga chamada F., que é psicóloga, me acolheu num momento crítico, durante o trabalho. Eu tentando mandar um e-mail, o micro lento, a carga emocional e hormonal querendo explodir, eu contida, ela falando sobre falha de comunicação e quando vi estava chorando e rindo freneticamente na sua frente. Sem me conter, falei tantas coisas, até marcas da infância, rótulos, complexos. E ela me respondeu com seus ouvidos treinados, um abraço bom e a citação da música do Caetano que abre este texto. Ouvindo essa música, que eu adoro (eu amo Caetano), vi que é isso mesmo, o problema do tal quereres.
Comprei uma nova revista feminina e me deparei com entrevista da psicóloga Lidia Rosenberg Aratangy, 70 anos, 50 de casamento, e o conselho dela é "feita a escolha, aposte todas as suas fichas nela". Bom conselho. Aí lembro de outra música, do Chico: "ouça um bom conselho...inútil dormir, a dor não passa".
O que fazer eu não sei. A dor não passa. Acho que é rezar para essa TPM passar logo, agradecer a atenção da minha amiga e seguir adiante que o almoço está no fogo.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Por dentro

"Só não se perca ao entrar
no meu infinito particular"
(Marisa Monte)

Tem gente com fixação no corpo. Não dispensa um espelho. Monitora o peso diariamente e, a cada grama a mais, arranca os cabelos. Passa horas puxando ferro. Investe muito em cremes e roupas (para não dizer sapatos...ah, doce mania a de colecionar esses fetiches), é leitor compulsivo de revistas sobre moda e beleza. Quem não se identificou com uma dessas situações que atire a primeira pedra. Sim, qualquer semelhança não é mera coincidência: passamos muito do nosso tempo preocupados com a imagem refletida num banheiro ou nos comentários dos outros. Isso gera ansiedade, descontentamento e frustração quando a imagem que projetamos não corresponde ao que queremos. E será que nos entendemos?
O desafio das pessoas num mundo voltado para a exibição pública, em que o conceito de beleza é delineado pela moda e condena mulheres ao padrão socialmente imposto da fórmula alta+magra+loura de cabelos lisos=sucesso, talvez seja voltar os olhos para o que está em nosso interior.
Ouvindo a música "Infinito Particular", pensei em escrever este texto como uma reflexão sobre o olhar interior. Sabemos identificar se a maquiagem está perfeita, mas não conseguimos saber se há uma ameaça à saúde ou à vida em nossa cabeça, por exemplo. Ignoramos por completo o que se passa dentro do nosso corpo, seus fenômenos bioquímicos, o que só é possível com check ups regulares, exames e avaliações médicas. E quem quer perder tempo com coisas chatas assim? Então postergamos as consultas; ah, deixa pra depois, vai...
E quanto à saúde mental? Nos conhecemos a ponto de notar uma nova estria na cintura, mas não entendemos nossas necessidades mais íntimas, aquelas guardadas no inconsciente, no arquivo interno do nosso hardware. E lá em algum ponto de um dia ensolarado e azul adentramos, em cima de uma maca, numa Unidade de Terapia Intensiva, para mergulharmos num estranho infinito. Ou surtamos - quantos pacientes psiquiáricos deram pistas despercebidas de que algo não ia bem? Na correria do cotidiano, passam batidos aspectos psicossociais da nossa vida. Não são tangíveis e visíveis.
Apocalíptico demais? Talvez. Mas acho que devemos perseguir esse objetivo: olhar para dentro, seja lá como for. Sinto até um pouco de medo ao tentar esse exercício - afinal, não sei o que posso encontrar... Quem sabe isso explique que é muito mais fácil ficar feliz com um corpo escultural do que ser feliz com uma mudança radical na vida, se for isso que se queira de fato. É mais gostoso tragar um cigarro e saborear a gordura da picanha do que conferir que a taxa de colesterol está normal.
Tento arrumar minha mochila e rumar para uma exploração interna, como uma aventureira na difícil expedição de saber quem eu sou e como estou.

terça-feira, 29 de março de 2011

Notícias vãs

"Tudo bem... Até pode ser. Que os dragões sejam moinhos de vento
Muito prazer... Ao seu dispor
Se for por amor às causas perdidas"
("Dom Quixote", Engenheiros do Hawaii)


O tempo pára. Respiro. Avanço. E entorpeço com aquela sensação de inundação que me invade antes do choro compulsivo. Mas não choro, pois estou vazia.
O tempo voa. E me arrasta com a força de um vendaval de pensamentos, fazendo-me chocar contra a brutalidade da consciência, que pesa e cobra uma posição, uma ação.
Na boca e no estômago, sinto a sensação amarga da impossibilidade de dar realidade a um ideal.
Leio os jornais. Notícias banais. Comentários irreais. Não creio que a vida seja tão sem significado para tanta gente.
Em que mundo eu vivo? Olho ao redor e há tanta mediocridade que me faz querer voltar para o útero da minha mãe, levando meus filhos, claro.
Que fruto darei? Qual a minha bandeira?
Respiro.
Lamento.
E não sei o que fazer.
Queria ser Dom Quixote.
(Volto a escrever)

segunda-feira, 7 de março de 2011

Bendita la luz de tu mirada

"Faz um tempo eu quis, fazer uma canção
Pra você viver mais"
(Pato Fu)

Esta música, "Canção pra você viver mais", fala sobre o sentimento de uma filha sobre seu pai e me diz muito. Sempre choro, não tem jeito, é inevitável, no carro, numa sala de espera, aqui no micro. Ocorre que hoje quero escrever sobre o amor em família, mas não aquele amor do fruto do ventre, o amor a quem concebemos ou nos concebe. Quero falar do amor que chega e transforma tudo, que nos encanta e surge de onde menos esperamos.
Trabalho num hospital, mas na área de comunicação. E eis que no Natal do ano passado tive que acompanhar o Papai Noel até a UTI Neonatal, onde me deparei com uma garotinha de bracinhos abertos e o sorriso mais lindo que eu já vi em toda a minha vida. Essa pequena - da idade do meu filho mais novo, nasceu um mês depois dele, hoje estão com um ano e meio - mudou minha vida. Passei minhas férias indo três vezes por semana ao abrigo onde ela está, depois de visitá-la no hospital até sua alta, quase todos os dias, no horário de almoço.
Ela é uma luz, o verdadeiro Sol. Nasceu com um problema muito grave de saúde e está sob a tutela da Justiça, aguardando adoção. Não anda, não senta, não come pela boca, mas por uma gastrostomia. Seu corpinho frágil revela várias cirurgias, cicatrizes da sua sobrevivência. É uma fênix.
Em quatro meses de convivência, assumi o compromisso de ser voluntária, ajudando a dar apoio a crianças abandonadas; penso em criar uma atividade ligada ao jornalismo para os adolescentes na mesma situação; hoje lidero um grupo de humanização onde trabalho. Não importa se o dia está cheio, se estou cansada, se estou sem tempo: dou um jeito e sempre a vejo. Cada vez que olho para ela e ela sorri, meu coração transborda de paz. O tempo pára. Não há pressa; aliás, costumo dar meu relógio para ela brincar. Desde então, quando estou com meus filhos, me concentro neles, aproveitando cada momento, como agora, meu filho do meio, de 4 anos, cantando: "Bendita la luz, bendita la luz de tu mirada", do grupo Maná (a canção se chama "Bendita Tu Luz"). Agradeço a Deus a bendita luz do olhar da minha menina.
Não ando escrevendo aqui porque a Síndrome da Pressa me parece um grão de areia de tão insignificante. Quando olho meu anjinho, por quem estou completamente apaixonada, enfrentar tantos problemas graves de saúde sorrindo, o tempo congela e nada mais importa a não ser o momento que passamos juntas.
Este é o amor incondicional, que brota do vazio. Uma receita para ser feliz. Estamos juntas, mesmo que minha condição atual não permita que a pegue no colo e a leve para casa, como adoraria fazer. Estamos juntas, mesmo sabendo que Papai do Céu poderá, um dia, chamá-la para se tornar uma estrela. Estamos juntas, mesmo que subordinadas a um sistema, à burocracia, a avaliações de estranhos, a autorizações oficiais. Estamos juntas, mesmo em casas separadas. E isso nada e ninguém poderá mudar. Meu tempo é agora. Nosso tempo é o presente e este é o meu maior presente: ter a dádiva de tê-la em minha vida.
Sem saber, essa garotinha me fez voltar ao meu verdadeiro caminho, como um farol de milha. Literalmente mudou minha vida e hoje penso em lutar para que as pessoas se sensibilizem com crianças portadoras de necessidades especiais que estão para adoção nos abrigos, aguardando uma chance de brilhar para uma pessoa, para uma família, para o mundo. Tomando conhecimento deste universo, que envolve a adoção tardia e o amor verdadeiro, sinto vontade de gritar a plenos pulmões que o amor é tudo e não tem rosto, um perfil. A perfeição é imperfeita. Ser diferente é ser normal. Tantas lições aprendo com as histórias daquelas crianças tão pequenas e tão heróicas, que enfrentam a falta de amor, o abandono, doenças graves, o preconceito da sociedade e tantos outros problemas. Elas não exigem nada, apenas oferecem inocência, alegria, transformação.