quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Metade

"Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio"

(Metade, Oswaldo Monenegro)

As minhas metades lutam para não me reconhecer como um ser ambíguo. Mas sou. E desse conflito nasce uma ansiedade capaz de tornar situações banais em quase um coma irreversível. É como se tudo dependesse daquilo naquele momento e qualquer coisa fora do previsto gerasse uma explosão atômica.
Essa semana li que o problema não são as coisas, mas o que pensamos delas. Nosso pensamento, que tanto constrói, também pode ser bem destrutivo. Também li sobre a desconstrução daquilo que alguém um dia ergueu sobre nós, muito provavelmente na infância, muito provavelmente com a melhor das boas intenções.
Por isso, metade.
Difícil encontrar nosso verdadeiro eu debaixo das muralhas sociais construídas com a argamassa de padrões, regras, repressões, o que julgam ser o certo. Às vezes, terapia ajuda. Quase sempre não funciona. Demora tanto - e consome tanto - que a gente desiste. Desiste de saber quem somos de verdade. E ficamos na dúvida se o que pensamos ser de verdade seria o real. A verdade é relativa. E pode haver muitas. Como nós, seres plurais.