sábado, 18 de junho de 2011

Para F.

"Onde queres o ato, eu sou o espírito.
E onde queres ternura, eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo
E onde buscas o anjo, sou mulher
Onde queres prazer, sou o que dói
E onde queres tortura, mansidão
Onde queres um lar, revolução
E onde queres bandido, sou herói"
(O Quereres, Caetano Veloso)

Ser humano é ser complexo. E creio que uma das maiores complicações inerentes à nossa espécie é a possibilidade de mil desejos. Essa semana estive triste, com raiva. Parte da TPM. Parte de uma certa nostalgia pela vida que um dia tive, quis mudar e optei por outros caminhos. Saudade da liberdade. A gente sempre se pergunta porque abrimos mão, porque fizemos trocas, porque...

(Bem a porcaria do meu notebook faz coisas que eu não quero que ele faça e anda lento demais. Publicou o texto no meio, pode?! Tenho vontade de jogá-lo contra a parede e só não faço isso porque não terei outro e a situação ficará muito pior. Mas qualquer hora eu jogo, juro! Raaaaaahhhhh!!!!!!)
- Um minuto de silêncio, respirando e contando até três....

O fato é que a gente nunca está satisfeito com nada, muito menos com a gente mesmo.

- Pausa de novo para por de novo o DVD do Toy Store para meu filho. (Ruuuuuuhhhhhhh!!!!!) De novo. Acho que hoje não vai dar....

A insatisfação é um problema imenso porque ela vive sempre conosco como uma sombra, grudada, o tempo todo. Lembra um animê que assisti com meu filho mais velho, em que uma criatura vivia atrás de um menino, acompanhando-o por todo lado sem que ninguém o visse.
Essa semana estava a ponto de chorar por um mix de sentimentos. Uma amiga chamada F., que é psicóloga, me acolheu num momento crítico, durante o trabalho. Eu tentando mandar um e-mail, o micro lento, a carga emocional e hormonal querendo explodir, eu contida, ela falando sobre falha de comunicação e quando vi estava chorando e rindo freneticamente na sua frente. Sem me conter, falei tantas coisas, até marcas da infância, rótulos, complexos. E ela me respondeu com seus ouvidos treinados, um abraço bom e a citação da música do Caetano que abre este texto. Ouvindo essa música, que eu adoro (eu amo Caetano), vi que é isso mesmo, o problema do tal quereres.
Comprei uma nova revista feminina e me deparei com entrevista da psicóloga Lidia Rosenberg Aratangy, 70 anos, 50 de casamento, e o conselho dela é "feita a escolha, aposte todas as suas fichas nela". Bom conselho. Aí lembro de outra música, do Chico: "ouça um bom conselho...inútil dormir, a dor não passa".
O que fazer eu não sei. A dor não passa. Acho que é rezar para essa TPM passar logo, agradecer a atenção da minha amiga e seguir adiante que o almoço está no fogo.