quarta-feira, 21 de julho de 2010

Último dia. Ou Tributo a Richard Carlson

"Meu amor

O que você faria se só te restasse um dia?
Se o mundo fosse acabar
Me diz, o que você faria?
Iria manter sua agenda
de almoço, hora, apatia?
Ou esperar os seus amigos
Na sua sala vazia?"
(Paulinho Moska)

Acabei de ler um livro incrível. Peguei ao acaso, na biblioteca pública, na parte de autoajuda. Curto, simples e tão correto que fica difícil não tentar praticar seus ensinamentos. Acho que você deve ter ouvido falar, já esteve em listas dos mais lidos. Chama-se "Não Faça Tempestade em Copo D´água", da editora Rocco. Gostei tanto das 100 dicas que, ao chegar na centésima, "Viva este dia como se fosse seu último. Pode ser", busquei um contato com o autor do livro, Richard Carlson. Numa busca rápida, fiquei chocada e muito, muito triste, de ler Obituário em seu site em inglês. Reli o último capítulo e isso me fez parar.
Richard, que escreveu com aquela naturalidade que nos faz senti-lo como um grande amigo, morreu jovem, em 2006, de embolia pulmonar. Deixou filhas, esposa e o legado de seus livros como palestrante e consultor sobre estresse.
A vida e a morte nos surpreendem. Recentemente, já contei no blog, conheci um senhor de 100 anos incrivelmente bem. Pessoas jovens, como Richard, podem morrer sem aviso e a gente se sente naquele mar branco, cercado de névoa, o mistério da nossa frágil existência.
A única certeza que temos é a alegria do momento presente. Quando corremos e encaramos a vida como uma sucessão de eventos urgentes, ou quando valorizamos coisas e gente que não merecem atenção, não desfrutamos a experiência de viver. Quantos, ao morrer, além da caixa de entrada cheia de afazeres, deixam também o vazio existencial de quem nunca valorizou o que realmente era importante? Certamente Richard Carlson não foi um desses. Ele contribuiu, à sua maneira, para um mundo melhor, espalhando serenidade e amor por aí.
Sua morte prematura só reforça o último capítulo do livro que acabo de terminar de ler. Como diz Paulinho Moska na canção que cito na abertura, viva este dia como se fosse o último. E, como disse Carlson, ele pode ser.