sexta-feira, 5 de março de 2010

Mulher, mulher

"Dizem que a mulher é o sexo frágil. Mas que mentira absurda! Eu que faço parte da rotina de uma delas, sei que a força está com elas" - Erasmo Carlos

Eu nunca tinha prestado muita atenção nesta música, que sempre é usada em trilhas sonoras de rádios no Dia da Mulher, até ler um artigo num site de astrologia. Não só achei que tem tudo a ver com o mundo feminino como me identifiquei com a mulher em questão, que tenta dar atenção ao marido enquanto amamenta o filho menor, dá a mão para o do meio e expressa seu amor pelo mais velho. Também tenho quatro homens "dependentes e carentes" em casa, como diz a canção do Erasmo.
Pode parecer chavão, mas quero aproveitar a data para celebrar a feminilidade e dizer que, embora envolvidas em mil atribuições, nós, mulheres, temos o poder de mudar o mundo. Criar pessoas mais amorosas, sensíveis, incapazes de violentar a natureza e de cometer crimes. Cidadãos conscientes que lutem por justiça, diminuindo o enorme abismo entre as classes sociais. Pais e mães dedicados à prole, participativos nas escolas. Políticos honestos e altruístas. Profissionais motivados e idealistas.
Parece sonho? Pois não é. Mulheres estão nos lares, nas escolas, nas comunidades. Neste momento cuidam de crianças nas creches, lecionam, percorrem comunidades para levar a multimistura da Pastoral da Criança a bebês desnutridos, perambulam por bairros pobres como agentes de saúde. Elas têm o poder de conceber, gestar... uma criança, projeto, ideia, bandeira. Seus frutos ultrapassam a fronteira do ventre. Como solo fértil, coração de mulher germina solidariedade e sempre tem lugar pra mais um.
Apesar de tão fundamental à vida, a mulher vem sendo negligenciada. Por homens, que ainda a agridem em atos de absurda covardia, protegidos pelo silêncio de quatro paredes. Pela sociedade, que é injusta quando pratica preconceitos que já deveriam ter sido banidos. Por outras mulheres, quando dão eco a visões machistas e não amparam a maternidade. Por elas próprias, quando sufocam desejos, impedem ousadias, pregam o conformismo, desrespeitam seus limites.
Aproveitando a data, quem sabe as mulheres consigam perceber o quanto especiais são. Que deixem os rótulos de lado e olhem no espelho sem se preocupar com rugas, celulite, estrias e cabelos brancos. Esqueçam padrões de beleza. Rasguem a cartilha do feminismo, porque não é competindo com os homens ou tentando ser como eles que vão fazer a diferença. Não reforcem a ignorância, desestimulando o parto natural e o aleitamento materno, dádivas da mãe-natureza.
Espero que as mulheres adoeçam menos por estresse, abandonem a frenética busca por perfeição. Não se cobrem por serem falíveis, às vezes frágeis e quase sempre fora de si nos dias de TPM, na chegada da menopausa, após dar a luz. Sou assim e se encontrasse o gênio da lâmpada teria apenas um desejo: ser perfeita. Morro quando um filho meu fica triste, quero cair num buraco quando erro e não dou trégua no trabalho. Queria ser a Mulher-maravilha, com capa e tudo, ah, e lógico, aquele corpão.
Mulher é assim. Nosso desafio deve ser olhar para as nossas próprias necessidades, e não falo só do shopping. Necessidades que fingimos não perceber, aquelas escondidinhas lá dentro do peito, que emergem quando finalmente repousamos a cabeça no travesseiro. Queremos colo, atenção, ouvidos, um divã, reconhecimento, amor. E não só no Dia da Mulher, mas nos outros dias do ano, que tenhamos a reconhecida reverência pelo que temos a ofertar, nossa contribuição para um mundo melhor. Mas essa construção é feita a quatro mãos, homem e mulher, unidos como iguais, respeitando suas diferenças.

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