"Faça o que é bom, sinta o que é bom, pense o que é bom. Bom pra você.
Guarda pro final aquele sabor genial, se é genial pra você" (Zélia Duncan)
Estou na cozinha da minha chácara preparando uma sopa de couve-flor, curry, maçã e açafrão para o jantar. Com um fogão rústico e lenha por perto, a cozinha expõe panelas dependuradas e num paneleiro antigo de metal, maços de temperos frescos na pia, colhidos da horta que fica em frente. Numa cristaleira de madeira, pratos, tigelas e canecas coloridas, de cerâmica pintada à mão por mim mesma. E na mesa, um buquê de flores do campo azuis e girassóis amarelos.
Estou com os cabelos longos e sem tintura, presos num coque displicente, vestida confortavelmente com uma calça do tipo bailarina e uma camiseta curta, de chinelos de palha comprados no centrinho da cidade mais próxima. Estou sorrindo, feliz da vida. Olhando pela janela, vejo um morro ao longe, um pequeno lago com marrecos barulhentos, árvores frutíferas, jardim com uma estufa para orquídeas e meus filhos correndo atrás de um cachorro grande cor de conhaque, por entre as árvores.
Enquanto a sopa cozinha lentamente na panela de pedra e meu marido segue para nossa oficina, onde produzimos arte, aproveito para descansar na sala, com sofás amplos e fofos, tijolos aparentes e muitos quadros.
O cheiro bom da sopa mistura-se ao de café fresco, de coador. O som de risadas infantis confunde-se com os de aves e da cigarra, avisando que o sol está a pino. Não deito no sofá. Prefiro ir até a varanda, sentar na rede artesanal e agradecer a Deus por tudo aquilo. Fico ali alguns minutos, desfrutando a plena paz, respirando o ar puro do verde ao redor e depois volto à cozinha. Desligo o fogo. Tomo uma xícara de café fumegante, levo outra para meu companheiro e providencio mais lenha seca para a noite, que vai esfriar.
Volto para a cozinha, na dúvida entre colher amoras silvestres para uma geléia, plantar flores ou pintar um novo quadro. Decido deixar tudo para depois e deito na rede da varanda contemplando o céu e saboreando o mais completo ócio.
Porque em certos momentos é preciso mesmo se desprender do que é padrão e pesado, para, pura e simplesmente, SE PERMITIR!
ResponderExcluirE como isto é bom, não?!
Bela escrita!
Consegui remeter meu pensamento durante o trabalho a este quadro que voce pinta e descreve tão bem. Parabéns. Além do texto ser muito agradável, tenho a sorte de estar inserido diretamente nele como seu marido e companheiro. Participo deste sonho e quando duas pessoas sonham juntos, deixa de ser somente um sonho para se tornar um objetivo.
ResponderExcluirBrevemente estaremos tornando realidade nosso sonho de tornarmo bicho grilo contemporâneos.
Antes de sermos profissionais, mães, pais, estudantes, somos seres humanos. Nossa necessidade mais básica é termos paz. Coisas simples, como respirar um ar puro e tomar banho de cachoeira, são fundamenais para a nossa felicidade. Obrigada pelos comentários. Vocês são leitores muito especiais.
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