“Ando devagar porque já tive pressa. E levo esse sorriso porque já chorei demais”
(Tocando em Frente, Almir Sater)
Mas o que é, afinal, a Síndrome da Pressa? Segundo estudiosos, trata-se de uma doença psicológica e comportamental que pode causar não só a perda de qualidade de vida como também problemas de saúde, como os cardíacos, gástricos e os provocados por baixa imunidade. Como cada pessoa tem seu ritmo, umas são mais rápidas, outras mais lentas. Mas quando a rapidez é tão extrema que o próprio mundo parece retardatário, é preciso ajustar o velocímetro.
A expressão Síndrome da Pressa foi definida nos anos 50 por dois cardiologistas americanos que notaram nos pacientes com problemas no coração um determinado perfil de comportamento. Os médicos classificaram dois grupos: o de pessoas que estão sempre ansiosas e com pressa, entre outras características, chamado de perfil tipo A; e o que engloba quem desempenha suas atividades em tempo normal, o tipo B. Todos os pacientes que possuíam o perfil tipo A levavam estilo de vida semelhante e sofriam da síndrome. Quem baniu a palavra calma do dicionário, morre de culpa por ficar sem fazer nada e tem mania de fazer tudo correndo – mesmo que não precise – veste o padrão tipo A.
Os acelerados o são em tudo: no andar, no pensamento, na fala ou em qualquer outra função. Certamente você conhece alguém que executa várias atividades e pensa sobre diversos assuntos ao mesmo tempo. Perfil A assumidíssima, eu leio vários livros ao mesmo tempo (e demoro para concluir um), vejo vários programas quase que simultaneamente (haja controle de TV!), desenvolvo múltiplos projetos. Também me sinto desconfortável com o ócio, mas a falta de lazer não é o único problema das vítimas da síndrome. A própria convivência com os outros torna-se difícil, em especial com pessoas do patrão B. Consideradas impacientes e perfeccionistas, chegam a ser mal educadas: se alguém fala muito, é prolixo ou dá voltas para concluir um raciocínio, elas já põem palavras na boca do coitado. Quantas milhões de vezes ouvi minhas entrevistas no gravador e constatei que simplesmente cortei o entrevistado várias vezes, muitas na hora que ele falaria algo importante para a matéria.
Uma estudiosa esclareceu ainda que, para estar a todo vapor, a pessoa estimula a produção de catecolamina, que gera adrenalina constantemente. E mais: existe uma ligação entre o estresse e doenças psicológicas como a Síndrome do Pânico e a depressão, pois essas pessoas não admitem o fracasso. Delegam pouco, acham que podem fazer tudo mais rápido e melhor do que qualquer um.
A doença pode ser desencadeada por diversos fatores - externos e internos, reais ou imaginários. No âmbito social, a própria velocidade da informação e estimula o imediatismo. A cura está na mudança do estilo de vida, mas principalmente na autoanálise. É preciso parar para investigar os motivos que geram esse comportamento. Compreender seus próprios limites, aumentar o nível de tolerância, fazer uma coisa de cada vez, praticar meditação e descarregar energia nos esportes são boas dicas.
Nem sei desde quando sou assim, cheia de pressa. Talvez porque tenha sido uma criança dispersa e lenta ou por ter escolhido o jornalismo como profissão. Quem sabe por viver nessa era de coisas curtas, instantâneas. Não sei. O fato é que sou o que um grande amigo me apelidou: a Mulher-urgente. Urgente por botar pra fora toda essa inquietação imaginativa. Urgente por viver porque a escrita nada mais é que a vida, em suas múltiplas feições.
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Estou realmente impressionado lendo estes artigos.
ResponderExcluirNunca ouvi falar sobre isso e agora tenho certeza de que quando vir pessoas com tais características, prestarei mais anteção.
Beijo, Nádia!