segunda-feira, 7 de junho de 2010

É junho

"Eu sei que é junho, esse relógio lento
Esse punhal de lesma, esse ponteiro,
Esse morcego em volta do candeeiro
E o chumbo de um velho pensamento..."
(Alceu Valença, Junho)



É junho e nem parece que chegamos ao meio de um ano que mal começou. Será que o tempo anda mesmo acelerado ou nós, acelerados que somos, mudamos nossa percepção de tempo?
O fato é que os dias se vão com uma rapidez impressionante e, paradoxalmente, o relógio se arrasta quando queremos que ele gire demais. Mesmo crendo que o dia devia ter mais de 24 horas, não temos poder para flexibilizar minutos ou segundos ao nosso bel prazer. Mas podemos desfrutar, com prazer, todo o tempo que temos.
Uma vida humana pode durar 80, 90 anos - se nada de errado antecipar a morte que chega naturalmente.
Um parênteses: semana passada encontrei um senhor de 100 que pediu para botar boné antes de ser fotografado, não sei se por vaidade ou respeito. Ao clicá-lo, senti a mesma emoção de contemplar um recém-nascido, no milagre da vida. Aqueles olhinhos cansados, a pele enrugada, o cabelo branquinho e a serenidade de quem já presenciou muitas coisas. E a pureza infantil que parece coroar pessoas muito idosas.
Se a existência é finita porque desperdiçar um tempo precioso com ansiedade, com o chumbo de um velho pensamento, como diz Alceu?
Neste mês de junho, ao invés de lamentar o ano que caminha para o fim, o convite é buscar alegria nas mínimas coisas do cotidiano. É tempo de frio, aconchego, bebida quente, a alegria das festas típicas, o entusiasmo do futebol. Entre amigos, queridos, família. Curta as crianças: elas crescem!
Aproveite. Saboreie cada segundo. Porque passa, e deve deixar saudade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário